Da Saga Lorde: A Marca do Olho
- Karinn, presta atenção, não vá muito para o fundo, se não vamos para casa ok? – Gritou da beira da praia Vânia para a filha que corria em direção ao mar com duas pequenas boias de braço encaixadas aos pequenos bíceps.
- Você se preocupa demais, ela sabe que não deve ir muito longe.
A mãe olhou para Paulo com um sorriso debochado, o pai de Karinn era um homem bonito, tinha cabelos medianos e platinados na altura dos ombros, eram cacheados e volumosos, iguais aos que a filha herdou dele, os olhos âmbar tinham um forte contorno azulado, a pele era clara e tinha uma barba rasa e prata, já próximo aos trinta anos.
- Olha quem fala, sua filha é tão sem juízo quanto você, meu rapaz! – Vânia se sentou na cadeira de praia que ficava na encosta da vegetação que antecedia a areia. Procurava algo na bolsa de mão que havia levado, encontrou e tirou de dentro dela uma pequena cartela de capsulas, a coloração delas era violeta. Uma cartela com espaço para cinco já com quatro abertas. – Esqueceu, ou nem se lembrou?
- Acha mesmo que precisa amor?
- Tenho certeza Paulo, o cheiro de Lorde está muito forte, e isso nunca é um bom sinal, sempre que está assim, é sinal de que algo ruim vai acontecer, eu estou tendo que dormir transmutada com ela toda noite, para não precisar entupir ela de essência, mas o seu cheiro esta tornando difícil essa tarefa. – Vânia bocejou, Paulo se sentou na cadeira de praia ao lado da esposa, pegou a cartela dela e engoliu a ultima capsula, amassando a cartela vazia e recolocando na bolsa dela. – Ando exausta ultimamente. Eu queria conversar com você Paulo, a respeito do olho.
Paulo encarou Vânia, ele sabia que o assunto iria esquentar.
- Não está querendo dar um olho para ela agora, está?
- Amor, ela já está perto dos dez anos, e eu sinto que deveria fazer logo um para ela, não sei Paulo, algo me diz que já deveríamos ter feito isso, ela não está segura aqui, Ilhabela está repleta de lobos, morar tão longe da cidade para nós é uma bênção, mas sendo quem eu sou, e pertencendo a minha família, não sei por quanto tempo ela está segura... Ser a ultima membra que ficou de um clã expulso por ser pró-vampiros, mãe de uma filha Lorde e casada um com um homem imune ao mundo Extinto, sinceramente, eu não sei nem porque estou viva ainda.
- Você está exagerando amor. – Paulo avistou de longe uma salva vida se aproximando de uma cadeira alta no meio da areia entre o mar e a floresta, ela olhou para o casal, fez um gesto de cabeça, Paulo retribuiu o gesto, e fitou os olhos azuis e atentos no mar da esposa. – Sei que estaria mais feliz se fosse casada com um homem que fosse de sua escolha amor, aprendemos a nos amar, pelo menos nisso fomos sortudos... Karinn tem muito oque aprender, acha que a responsabilidade de carregar um olho para ela tão jovem, vai ser benéfico para ela? Estamos em um tempo de paz, temos que aproveitar esse momento, por que sabemos o que o Lorde previu. A busca por essa nova raça está sendo um fracasso total, ninguém quer acreditar que ele errou, mas se ele tiver errado?
Vânia tirou a atenção de Karinn que brincava com uma enorme concha que encontrou na areia.
- Como ousa?... – Paulo olhou assustado para ela. – Você só conhece os relatos do que ele era capaz de fazer, eu o vi! Vi ele saindo no braço com um anjo e arrancando a mão dele, e não era qualquer um, Relíqua era o anjo em questão, o Lorde negro não é uma lenda Paulo, se não fosse por ele, nós não estaríamos juntos, o clã Purple só ganhou o poder que adquiriu com o passar dos anos, por que escolheram um lado rápido na guerra, e foi o lado certo, para a felicidade de todos nós, mas agora é diferente, a profecia do Lorde está sendo esquecida pelos mais importantes, e o pior de tudo, é que dessa vez não temos mais ele para pedir direcionamento, embora tenhamos um pedaço dele, que é tão importante quanto o próprio... Eu estive reflexiva. – Paulo coçou a barba, olhou para Karinn que corria desajeitadamente voltando do mar. – Eu quero leva-la para os corvos.
Paulo voltou a fitar a esposa, sentia o coração acelerando.
- Eles? Por que justo eles?
- Eu busco proteger nossa filha acima de tudo e todos. A Máfia mais bem guardada é a deles, e eu sou amiga de longa data dela. Passei muitas aventuras e por problemas também, ela me entende além do que deveria... Se não fosse por Vanny, eu já teria me entregado a depressão e quem sabe à morte.
Karinn chegou pulando no colo do pai, que disfarçou a tensão da conversa rindo para a filha.
- Olha o que eu achei papai. – Karinn tinha uma concha enorme em mãos, e dentro dela, havia muitas outras de tamanhos menores, de todas as cores possíveis. – Essa é para você mamãe!
Ela tirou de dentro da maior, uma conchinha média, de cor fosca, era preta, e tinha a parte interna púrpura, Vânia pegou a concha, e por um segundo a imagem de Vanny White piscou em sua mente novamente.
- Não gostou mãe?
- Ah, sim, gostei muito meu anjo. – Vânia abriu os braços para ela, Karinn pulou do colo do pai para o da mãe, espalhando as conchas no chão, próximo aos pés dos adultos.
Paulo riu, Vânia apertou Karinn no abraço, acariciando os cabelos amendoados da filha com uma mão, enquanto encarava fixamente a concha que segurava com a outra mão.
- Vamos para o mar mamãe?
- Vamos sim amor, vai com o seu pai, eu irei já... Vou só arrumar essa bagunça que você fez aqui sua feia. – Vânia mostrou a língua para Karinn, a menina fechou o semblante e cruzou os braços.
- Pede desculpa! – Disse com autoridade, Vânia pegou as bochechas de Karinn, apertou-as brincando com o rostinho pequeno.
- Desculpa fofinha! – Vânia fazia uma voz infantil enquanto falava. – A mãe só estava brincando minha linda... Vá com o papai, eu já estou indo.
Paulo apanhou a mão que Karinn estendeu para ele e juntos foram para o mar, Vânia apanhou as conchas nos pés das cadeiras, colocou-as dentro da bolsinha, tirou a canga que usava como macacão e com o biquíni que usava por baixo, foi para a água, colocando os pés, sentiu a frieza morna do mar, sentiu a brisa soprando em seu rosto, respirou fundo e sentindo o vento na pele, foi entrando aos pouquinhos, indo de encontro ao marido e a filha. Karinn estava nos braços de Paulo, ele avistou a esposa se aproximando, entregou a menina para a mãe.
- Vou pegar um cigarro e ficar olhando vocês de fora, a água está muito fria para mim.
Vânia assentiu dando um beijo no marido, Paulo saiu o mais depressa possível do mar, foi até a bolsa da mulher e tirou de dentro um maço de cigarros quase vazio, tirou um de dentro, fuçou um pouco mais até achar o isqueiro, acendeu e voltou para a encosta do mar, ali ficou parado, observando a beleza das duas mulheres de sua vida enquanto soltava fumaça, o casamento de Paulo e Vânia era arranjado, como muitos outros pelo mundo afora, mas como eles sabiam, haviam aprendido a se amar, então eram felizes, tinham uma bela e bem localizada casa na parte mais afastada da cidade de Ilhabela, a casa ficava de frente para um píer de madeira que dava vista para uma linda montanha florestada, e dez minutos à direita do píer, ficava a praia na qual se encontravam.
A praia era quase deserta, poucas pessoas tinham paciência e disposição para ir até ali, os frequentadores mais vistos eram os moradores da região, mas eles no momento tinham pouquíssimos vizinhos, desde a partida do clã Purple, que praticamente dominavam aquela região.
O clã era formado por um casal de idosos já falecidos, e desses dois – um lobo, e uma Ossos Vermelhos – nasceram sete mulheres, dessas sete mulheres, Vânia era a mais nova, e a única do clã que não se casou com um vampiro, devido ao grande preconceito dos ilhéus, o clã inteiro foi expulso da ilha, as estatuas de aço que homenageavam elas, as sete lobas que lideraram a guerra quando os demônios da ilha tentaram toma-la durante o fim da guerra, foram pichadas e vandalizadas, apenas a loba que representava Vânia fora mantida intacta.
Anos depois da expulsão do clã, ela se casou com Paulo, um homem de fora da ilha, ninguém sabia a origem do rapaz, após anos dispensando inúmeros pretendentes, Vânia havia encontrado o homem, meio que por acidente, era uma relação arranjada pela Máfia Branca, mas Vânia tinha recebido um dom especial que á permitia vislumbrar algumas coisas do futuro, e ela viu àquele menino magricela em seu futuro.
Muito antes da morte dos pais, ela recebeu a chamada Marca do Olho, dada por sua mãe, que por sua vez, recebeu de um grande amigo do clã, a marca dava não só a habilidade de prever alguns pontos do futuro, de modo incomum, como também permitia que o dono da marca se deslocasse no espaço tempo, indo de um lugar do mundo ao outro, em menos de dois segundos, só bastava o usuário ter em mente o lugar para onde gostaria de ir, e a marca o levava, desintegrando o corpo do usuário para dentro da marca, e o revelando no destino escolhido, a magia usada era semelhante ao dom de locomoção espacial das fadas, o principio era exatamente o mesmo, mas poupando o usuário de precisar ser uma fada ou ter as asas de uma.
Vânia brincava com Karinn despreocupadamente e jogava água salgada no rosto da filha, Karinn ria das brincadeiras da mãe, de repente Karinn abraçou Vânia assustada.
- O que houve amor?
- Mamãe... Olha aquela moça... – Karinn apontou para a bombeira na encosta, sentada na cadeira alta de salva vida. A mulher estava distraída. – Você consegue ver?
Vânia olhava atenta para a mulher, não sabia o que de fato a menina estava querendo dizer, a bombeira olhou para as duas dentro da água, de uma hora para outra a mulher empalideceu quando notou os olhos da menina congelarem em seu rosto, aos olhos de Karinn, uma aura escura com formato lupino pairava acima da cabeça da mulher, os olhos de um Lorde enxergavam o que a natureza do mundo extinto buscava esconder, Vânia viu a expressão de medo nos olhos da filha, e ao virar para olhar para a mulher, viu apenas um vulto cinzento de mais de dois metros, pulando do topo da cadeira onde estava, e se dirigindo em direção as duas no mar. Vânia agarrou Karinn e com o máximo de força que tinha se colocou a correr para fora da água, entendendo o que estava acontecendo de supetão.
- PAULO! CORRE! – Ela gritou, o marido deixou o cigarro cair da boca na areia, ele pegou o tubo da areia nervosamente e o encaixou a boca novamente, ele olhou na direção que a esposa olhava com horror enquanto gritava para ele.
- CORRE! – Paulo viu uma loba enorme, com olhos esverdeados e pelos cinza escuros, os dentes a mostra e ferozes, correndo em sua direção, ele iniciou uma breve corrida na direção oposta, quando viu sua esposa deixando o mar, e notou que pela direção que a loba ia, no encostamento da água, o alvo não era ele, eram elas, era ela!
- Karinn! – Sussurrou ele, e com o sussurro ele se colocou no encostamento do mar, em frente à loba, com os braços abertos, sabia que não podia ser mordido pela sua condição imune. A loba já estava a poucos metros dele quando ele ouviu um grito de medo infantil desesperado, olhou por cima do ombro, Karinn estava sendo colocada na areia pela mãe que corria em direção a ele agora; se transformando em uma loba tão grande quanto a cinza, os pelos dessa eram brancos prateados, os olhos perolados vindo em sua direção, para protegê-lo, ele via tudo em câmera lenta.
Às patas de Vânia tocando a areia, ele conseguia até sentir o medo dela crescendo junto ao dele, voltou o olhar para a loba cinza, e notou que ela já havia chegado a ele, mas Vânia não!
Ele viu a bombeira erguer a pata dianteira esquerda, ela não o morderia, para o azar do homem ela desconfiava que não deveria mordê-lo e não o fez, os dentes de Paulo rasgaram o filtro em sua boca quando ele os cerrou com força, a pata da loba explodiu contra o seu peito, e seu corpo foi arremessado mar à dentro, fazendo um rastro de sangue seguir ele por quase dez metros quando o ultimo suspiro que ele deu foi ofuscado e dissipado entre os pulmões; rasgados de uma extremidade a outra do tórax, os olhos paralisados e abertos encaravam o céu azul, e aos poucos o azul foi se tornando um borrão branco.
O ultimo pensamento que lhe passou foi os sorrisos das mulheres de sua vida, brincando no mar salgado, o mesmo que agora recebia em sua composição às lágrimas que escorriam de seus olhos.
Vânia pulou em cima da loba cinza, e Karinn observava horrorizada às duas se embolando, trocando mordidas violentas e arranhões furiosos.
- CORRE PARA A FLORESTA! – Karinn ouvia a voz da sua mãe gritando em meio aos rosnados e mordidas, a menina estava paralisada, sentia as pernas tremendo, os lobos rolavam e trocavam golpes cada vez mais poderosos, e se aproximavam dela, ela virou as costas para a cena e se pôs a correr em direção à floresta, sentiu alguém se aproximando das suas costas, enquanto corria, olhou por cima do ombro, e uma mão de garras enormes encostou com brutalidade em seu rosto, seus pés abandonaram o chão e ela se viu sendo lançada para a floresta, rolando na areia e vendo tudo girar, até que seu corpo parou, e ela estava encarando o céu entre copas de árvores verdes e muito altas na divisa da areia e grama.
Enxergava apenas com um olho, pois no outro sentia muita ardência e dor, levou a mão ao olho agora cego, e sentiu na pele da bochecha quatro cortes profundos e com muito sangue escorrendo, sentia o corpo inteiro tremendo, e ouvia cada vez mais perto de si o barulho de uma batalha sangrenta, no meio da briga ouviu um uivo sendo dado, e o mesmo uivo foi substituído pelo barulho de algo sólido sendo triturado, e tudo ficou silencioso, ela se sentia perdida.
Acima dela o rosto da mãe surgiu, estava marcado por muitos cortes tão profundos quanto os que ela sentira no próprio rosto, os olhos de Vânia tremiam, e tinham lágrimas escorrendo, que se misturavam ao sangue, suor e areia, a mãe estava nua, a menina sentiu a consciência deixando o olho bom, mas voltou a ficar ativa no mesmo instante.
- Me perdoa meu amor! – Dizia a mãe sussurrando enquanto acariciava o rosto de Karinn – Se eu não fizer isso, você irá morrer...
Karinn viu os dentes da mãe ficando pontiagudos, e logo em seguida sentiu uma mordida profunda sendo dada em seu ombro direito, a dor foi excruciante, mas não era maior do que a dor que sentia no rosto e cabeça, a menina tossia o sangue que escorria do rosto para a boca, Vânia limpou o sangue como conseguiu usando a parte de cima do biquíni que virou farrapos quando ela se transmutou, ela puxou o frágil corpo da filha e o acolheu nas cochas, Karinn sentia o corpo ardendo por dentro, uma queimação diferente, que não a fazia sentir tanta dor, fazia sentir que estava sendo remendada de dentro para fora, enquanto sentia isso, com seu olho bom via o corpo da bombeira estirado na praia, o corpo nu, cheio de arranhões profundos e pequenos pedaços faltando, o ângulo do pescoço era estranho, deduziu que talvez estivesse quebrado.
Olhando de baixo para cima, via a tatuagem de um olho, que havia reparado poucas vezes no meio do peito da mãe, Vânia olhava para a filha, tentava se manter calma olhando para o olho que se mantinha aberto da menina, ela tocou na tatuagem, olhou para o mar, os olhos dela derreteram em lágrimas, ela mordeu o lábio inferior, e no mesmo momento a tatuagem preta foi ficando prateada e brilhante, ao redor, a menina notou uma aura preta cercando as duas e tudo ficou escuro, quando a luz retornou, Karinn e a mãe estavam cercadas por pinheiros negros, ela não fazia ideia de onde estava.
Em um dos galhos ela notou que um corvo observava as duas atentamente, Vânia notou a presença do animal, o pássaro alçou voo e cortou o céu, desaparecendo entre as enormes árvores.
- A mãe precisa que você faça uma coisa. – Disse Vânia – Eu vou te levar para um lugar seguro, acha que consegue se segurar firme em mim?
Karinn assentiu com a cabeça, ainda se sentia perdida, Vânia então se transformou novamente na loba prateada, se deitou para que Karinn subisse em suas costas, a menina subiu se montando no dorso da loba, agarrou como conseguiu os pelos da mãe, as árvores ao redor começaram a se mover, abrindo caminho para Vânia, espantando um monte de corvos que estavam entre seus galhos, todos voaram para o mesmo lugar que o primeiro havia seguido.
Vânia se pôs a correr entre as trilhas que iam se abrindo à medida que ela avançava, depois de muitos minutos, elas chegaram a um portão prateado que estava fechado, a loba se deitou, Karinn saiu de cima da mãe, Vânia voltou a forma humana, estava com os olhos cansados e muito abatidos, os ferimentos sangravam sem parar e os cabelos sujos de areia caiam na frente do rosto marcado.
- Amor... Preste atenção. – Vânia fez uma expressão de dor e colocou a mão em um corte profundo na lateral do tórax, respirando com dificuldade. – Passe por esse portão e procure a mulher de cabelo cinza, ela é amiga da mamãe, diga tudo que aconteceu, ela irá cuidar de você, diga a ela também, que eu te dou esse desenho – Vânia colocou a mão sobre a tatuagem no peito – Avise para ela que estou aqui fora... Eu te amo meu amorzinho...
Vânia deu um sorriso para a filha, Karinn estava paralisada de medo novamente, sentia as pernas rígidas. Ela ficou parada, observando o corpo inerte da mãe, não se atrevia a tocar no corpo dela, tinha medo de não sentir nenhuma resposta ao toque.
Enquanto juntava as forças para fazer o que a mãe havia dito para fazer, um barulho metálico a despertou de seu devaneio, e o imenso portão prateado se abriu lentamente, ela olhou para ele, do outro lado uma mulher muito alta com os cabelos prateados estava parada com um corvo pousado em seu ombro, a mulher tinha pele clara, os olhos eram de cores diferentes e ela saiu do outro lado do portão às pressas, indo diretamente para o corpo inerte de Vânia, ela correu acolhendo a mulher caída no colo, passando a mão em seu rosto e tirando os cabelos da frente dele.
O rosto muito ferido estava sereno, lágrimas escorriam por ele, a mulher alta acariciou os cabelos da loba, os olhos diferentes olharam para Karinn, a menina sentiu frio, e só notou que a mulher estava chorando, quando às próprias lagrimas banharam seu pequeno rosto, apenas o olho bom chorava, o outro estava fechado e marcado pelos ferimentos que ela sentia arder, o peso de tudo aquilo parecia estar batendo na menina agora.
- Karinn. – A mulher disse, a menina se assustou, nunca havia visto essa mulher, mas ela a conhecia? – Eu me chamo Vanny, sinto muito por tudo que você passou princesa... Mas você está segura agora. Pode me contar o que houve amor?
Karinn olhou para a mãe, essa era a mulher que ela havia dito!
Só depois de perceber, que depois do que iria dizer para essa mulher estranha, sua vida jamais seria a mesma, a menina se pôs a chorar intensamente, soluçando e tremendo, notando que não tinha mais nada, não tinha mais ninguém, ou pelo menos era isso que ela pensava ser a verdade.
Fim...
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