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Foto do escritorWander Neres

O Homem Cinza

Atualizado: 27 de abr. de 2021


Atenção: O conto a seguir é uma obra de ficção voltada ao público adulto

O autor deseja uma noa leitura!

Att: Neres



O Homem Cinza

O jantar no lar da família Alexis já beirava às 2h da manhã, quando o dono da festa desapareceu da vista dos convidados, era um homem jovem, menos de 40 anos, e estava longe da vista de todos, depositando toda sua atenção na mulher de frente para ele, sentada de pernas abertas em cima da cômoda do quarto do filho que nascera morto há alguns meses, mas que fora aguardado como nenhuma outra criança jamais tivera sido.

A mulher gemia baixo tentando evitar com que as paredes sofisticadas e muito finas da mansão entregassem o ato aos que passavam por perto dali, ele mordia o pescoço da jovem mulher com gosto e desejo, desejo esse que já havia sido extinto pela própria esposa.

Extinto pela esposa, porém, mais do que vívido pela irmã mais nova da mesma, as duas mulheres eram muito semelhantes, os olhos eram escuros e os cabelos tão alaranjados quanto um pôr do sol, tinham peles claras e corpos extremamente parecidos, a mais velha e esposa, era magra definida e de quadril largo, já a mais nova, a amante, era menos encorpada, porém, mais ativa sexualmente, foi numa roda de conversa na beira da piscina que os olhos do marido e da amante se cruzaram pela primeira vez, o homem vira a menina se tornar uma mulher incrivelmente atraente, após uma adolescência estranhamente marcada por roupas feias, espinhas incontáveis e dentes tortos, mas agora, era diferente, estava de quatro no chão do quarto, graciosamente recebendo o cunhado no seu interior, sentindo cada pulsação do miserável, que não aguentava mais se segurar, e espalhou tudo de si dentro dela, como um animal.

Ela se levantou devagar, e se dirigiu ao banheiro no fundo do quarto, já tirando a saia curta que fora a única peça de roupa que sobrou no corpo durante a transa. Ele ouviu o chuveiro ser ligado, levantou as calças dos joelhos e se endireitou dentro do blazer azul marinho e bem ajustado que vestia.

Já estava preso àquele romance proibido há bastante tempo, e sua intimidade com a moça estava aguçada ao ponto de ele simplesmente deixá-la em paz durante o banho enquanto ele retornava para a sala de jantar da espaçosa casa.

Enquanto ia em direção à piscina, conversou com alguns amigos de serviço, um deles o alertou sobre uma discreta mancha de batom no colarinho da camisa social branca, ele piscou um dos olhos para o colega e se apressou em limpar a mancha ainda caminhando.

A esposa conversava com algumas amigas na beira da piscina, todas as mulheres vestidas com roupas de grife, e muito mais elegantes que a própria esposa dele, ele sentiu uma pontada de desgosto ao encarar os olhos da mulher, desde o nascimento do filho que não viveu, ela havia se tornado desleixada, pouco atrativa e mais irritante aos olhos do homem do que qualquer outra cara mais feia no serviço.

Ela usava roupas simples, que não destacavam curvas, não deixavam aparecer tanta pele, não seria possível diferenciar as roupas que ela usava com um saco de batatas no mercado, um moletom não tão justo na cor cinza, uma camisa regata com mangas de renda, a manga direita com um rasgo enorme, o homem apanhou uma taça de champanhe da bandeja de um garçom próximo, e foi de encontro ao grupo de mulheres.

- Chegou o homem invisível! - Brincou uma das amigas, com um sorriso malicioso nos lábios, que aparentemente só ele notou.

A esposa riu da fala da mulher, a pobre mal sabia que em outro cômodo o esperma do marido fazia um calminho de encontro ao DIU de sua própria irmã, como já acontecia há bastante tempo.

O marido conversou pelo resto da madrugada com o grupo de mulheres, enquanto os convidados chegavam aos poucos se despedindo do casal anfitrião. O marido apanhou um cigarro, mas antes de acendê-lo a esposa o chamou para levar as amigas para a saída junto a ela.

Ele murmurou um palavrão mentalmente, e deixou o isqueiro e o maço numa mesinha redonda com tampo de vidro ao lado da saída da área de lazer, seguindo o grupo com a esposa, as mulheres eram as últimas convidadas, elas se despediram. O marido ouviu uma delas cochichos algo no ouvido da esposa... E ficou surpreso quando ela respondeu algo como "Nosso fim de madrugada será bem quente", olhando para o marido ao fim da frase, ouvindo àquilo, o homem sentiu um ligeiro aquecimento nas partes íntimas, e sentiu a boca encher de saliva pela esposa, há muito não sentia àquilo por aquela mulher! Ele reprimiu um sorriso e sentiu o rosto esquentar.

Eles voltaram para dentro da mansão, o marido se sentou no sofá e a esposa preparou duas taças de champanhe para eles, ela entregou sua taça e brindou junto ao marido, ele tomou o espumante com desejo e pressa, aguardando o próximo passo da esposa, ela terminou sua taça, e o beijou quando terminou, ele sentiu o corpo esquentar, e enquanto ela repousava a mão em sua coxa e ia subindo, ele sentiu as pálpebras pesando, e inexplicavelmente adormeceu.

O marido sentiu os olhos tensos e apertados, aos poucos recobrando a consciência, ele abriu os olhos inesperadamente, ainda estava escuro, e o ar cheirava à bebida alcoólica, muito forte, ele levantou a cabeça, estava sentado numa das cadeiras de madeira da área de lazer, atrás dele estava à piscina da mansão. Ele sentiu uma leve pontada na cabeça; quando foi levar a mão à têmpora para massagear, seu punho não chegou. Só então notou que estava com eles amarrados à lateral da cadeira, não apenas os punhos, mas também os calcanhares. Ele viu uma sombra negra se mover na sala de jantar, e aos poucos se aproximando, abriu as portas corrediças de vidro que davam acesso à varanda e a piscina.

Ele encarou os olhos escuros da esposa, ela estava vestida com uma roupa preta, como as usadas em velórios pela alta sociedade. Ela sorriu para o marido, um sorriso gentil e carinhoso.

O homem ficou perplexo observando a esposa.

- Sabe... nos nossos votos de casamento... - Começou ela a dizer - Nós nos propomos a estar junto um ao outro, diante de qualquer conquista e qualquer dificuldade, e também a sermos fiéis um ao outro, independente dos pesares e desejos por terceiros. Você se lembra?

O marido não respondeu, estava sentindo calafrios no interior, a cada palavra pronunciada pela esposa. Atrás dela uma nova sombra se moveu, e saindo de trás da mulher, estava a irmã mais nova encarando o homem.

- Que merda está acontecendo aqui?! Me solta!

- Não será possível Cunha! - Disse a mulher mais nova. - Ela está certa do que quer fazer, e você assinando o documento de partilha total de bens após o anúncio da gravidez, assinou junto a sua sentença de morte.

O marido olhou com cara de dúvida para a esposa.

- Nesse mundo novo, podemos manipular as coisas ao nosso gosto meu amor. O dinheiro ajuda bastante. Seu filho foi natimorto propositalmente, mas você não precisava saber, não é mesmo?

O homem sentiu lágrimas brotando dos olhos.

- Não precisa chorar querido! Você irá acompanha-lo agora, eu pensei em uma forma menos agonizante de fazer isso, mas você merece o pior. Dizem que as formas mais horríveis de morrer são queimando, e se afogando, como não confio que irá morrer afogado tão facilmente já que é um bom nadador, eu decidi fazer ambas.

- Do que está falando! Me solta agora sua piranha!

A esposa se aproximou do marido, colocando a mão sobre seu peito, e com um impulso, ele sentiu os pés deixando o chão e o peso do empurrão o lançou de costas para dentro da piscina, ele prendeu a respiração, sentindo um desespero crescer em seu interior, ele sentiu a pele molhada arder, no fundo da piscina rasa ele viu uma das sombras negras se mexendo, a esposa foi até a mesa onde o homem deixara o maço de cigarros e o isqueiro, colocou um tubo nos lábios, acendeu, e deixando o isqueiro ainda aceso, lançou o objeto para dentro da piscina, ao tocar a água, o homem no fundo viu um véu de fogo azulado se espalhar por toda superfície da piscina, de uma ponta a outra, em todo preenchimento, ele começou a se debater para tentar se soltar, era inútil, não havia o que fazer, quando o véu de fogo alaranjou, ele sentiu o álcool esquentando na sua pele pálida, só então o homem se deixou parar de lutar para sobreviver, pois dali há alguns minutos, ele não seria nada mais do que um homem cinzento.

Fim

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